AVISO: Não recomendo para menores de 12 anos.
A inquietação dominava cada célula do meu corpo. Eu não conseguia apenas permanecer sentada, aguardando o maldito ônibus que não chegava nunca, ou talvez fosse culpa do relógio, que naquele dia parecia estar movendo os ponteiros mais devagar do que o habitual. Suspirando, de frustração, me levantei e, pela quinta vez, andei até a plataforma de desembarque número 13, que continuava tão vazia quanto das outras vezes.
Estava prestes a voltar para o banco gelado quando vi o ônibus de viagem entrar na rodoviária. O nome da empresa estampada na lateral fez as batidas do meu coração acelerar e minhas mãos suarem. Por alguns segundos eu quase pude jurar ter parado de respirar.
Eu já não me aguentava mais de ansiedade quando o coletivo estacionou, abriu as portas e os passageiros desceram, devagar demais — na minha opinião. Fiquei tentada a mandá-los se apressarem.
Então, de repente, o tempo parou.
Toda a ansiedade que me fazia suar extinguiu-se no exato instante em que a vi e no momento que nossos olhares se cruzaram.
Sorrimos largamente.
Assim que desceu do ônibus, eu a abracei apertado, sentindo suas mãos delicadas envolvendo a minha cintura, retribuindo o caloroso abraço. Escondi meu rosto no pescoço fino e inspirei o perfume de flores que tanto amava. Sentimentos quentes transbordaram no meu interior, e penso que um deles era a felicidade, algo que só sentia quando a tinha no aconchego dos meus braços.
Mesmo não querendo soltá-la, jamais, forcei-me a desfazer o abraço. Ficamos nos encarando por vários segundos, talvez minutos, não sei dizer. Eu sempre perco a noção de tempo e espaço quando me afogo na imensidão dos olhos dela. Sorrindo, ela ajeitou os óculos, sem nunca deixar de me encarar.
— Sentiu minha falta, marida? — perguntou, brincalhona.
— Óbvio — resmunguei.
— Eu também senti a sua. — Nunca vou me cansar daquele sorriso espontâneo e inocente.
— Vamos para casa – segurei a mão dela. — Quero aproveitar bem o final de semana.
Depois de pegarmos a mala, caminhamos para o carro. Em menos de cinco minutos estávamos na avenida principal. No rádio tocava uma música suave e as janelas abertas sopravam vento em nossos cabelos soltos.
Eu queria, desesperadamente, chegar rapidamente em casa para que pudesse tocá-la como realmente ansiava. Já podia imaginar o gosto doce dos lábios dela quando os tomasse em um beijo, o som do corpo curvilíneo chocando-se contra o meu, nossos seios pressionando juntos. Meu corpo estremecia só de pensar em seus gemidos de prazer ao venerá-la com as mãos e os lábios. Finalmente iria me embebedar com seu gosto erótico até ouvi-la gritar meu nome. Pensar nela retribuindo o prazer me deixava ainda mais excitada, afinal os lábios dela já me levaram a paraísos inimagináveis.
Os pensamentos intensos me fizeram pisar o pé no acelerador, precisava urgentemente chegar em casa.
Não entendo como consigo ficar tanto tempo longe dela. Estávamos juntas há quase um ano, mas por estudarmos em cidades diferentes, só conseguíamos ficar juntas aos finais de semana. Eu odiava ficar separada dela, do meu vício predileto. Sempre estava necessitada dela, de seus sorrisos, brincadeiras, das conversas, dos beijos.
Por mais que nunca tivesse dito em voz alta, amei minha marida desde o primeiro instante, mesmo na época não acreditando em tal sentimento. Amava-a ao ponto de suportar receber somente e unicamente uma leva do seu vício predileto apenas aos finais de semana.
O amor a distância
é só para os valentes.
Essa história foi escrita em homenagem a uma pessoa, que, infelizmente, já não faz mais parte da minha vida, mas que sempre terá um lugarzinho no meu coração. Eu e Ela, carinhosamente, nos chamávamos de marida, por isso está assim na história.
Quem aqui já viveu uma amor a distância? Alguém já passou por essa experiência? Como foi para você? A saudade? Quando se encontravam (ou se reencontram)? O que não fazemos por amor né? Me conte ai! ^-^ ♥